A higiene pessoal
O ato de banhar-se é bastante antigo, e engana-se
aquele em pensar que a preocupação com a higiene seja algo dos tempos modernos.
Desde a Antiguidade encontramos em distintos povos, suas maneiras de se
entender a preocupação em manter o corpo limpo e até mesmo o lar. No Egito
Antigo, em certos períodos, as pessoas tinham o hábito de tomar banho
diariamente e três vezes ao dia. Grande parte dos homens mantinham as cabeças
raspadas e a barba sempre feita, para se evitar piolhos, além de ser uma
questão estética; até mesmo as mulheres chegavam a raspar a cabeça ou manter os
cabelos bem curtos, daí o uso de perucas pelos ricos. O banho era visto como
algo sagrado, chegando a haver até mesmo ritos para se banhar, pois o banho era
visto como uma forma de purificar o corpo. De fato, ainda hoje algumas
religiões e crenças preservam essa ideia de banhos purificadores.
Os gregos antigos também já
mostravam preocupação em manter os corpos limpos. Eles também tomavam banho
diariamente, usavam óleos para passar no corpo a fim de prender a sujeira, e
depois usavam um instrumento para raspar o óleo. Usavam também óleos perfumados
após o banho. Os homens não tinham o hábito de fazer a barba ou raspar a
cabeça, pois era algo estético da cultura deles: a barba era um sinal de
masculinidade, virilidade e respeito. No caso das mulheres, elas naquele tempo
já esboçavam a preocupação de depilar o corpo.
Os romanos antes de serem influenciados pela
cultura grega já demonstravam o hábito de banhar-se e a preocupação com a
higiene. Eles usavam o estrígil ou estrigilo (strigilis),
um pequeno raspador de cobre ou bronze em formato curvo ou de foice, usado para
raspar a sujeira do corpo. Os gregos já usavam tal instrumento, assim como os
etruscos. Normalmente passava-se azeite, para fixar a sujeira do corpo junto
com o suor, e na hora do banho isso facilitava a camada de sujeira ser removida,
pois estes povos não conheciam o sabão.
Além do estrígil, havia lâminas usadas para fazer a
barba e para a depilação; pinças para arrancar os pelos, lixas para as unhas,
um instrumento para limpar as unhas, um instrumento para limpar os ouvidos;
cera ou óleo para a depilação, óleos perfumados (o perfume é uma invenção
tardia) usados após o banho; sais de banho, etc.
Além da limpeza corporal, os romanos como outros povos antigos também
demonstravam preocupação em se limpar os dentes. A escova de dentes não existia
propriamente, mas havia alternativas, como um tubo de madeira usado para ser
mastigado, além de pastas que serviam como creme dental, onde a pessoa a
esfregava nos dentes, depois fazia bochecho e cuspia. Geralmente os patrícios
era que davam mais atenção aos dentes, pois os pobres não tinham esse hábito ou
dinheiro para comprar tais produtos de higiene bucal.
Os ricos possuíam em suas casas (domus),
banheiras, que eram a peça central de seus balneum oubalineum,
ou seja, seus banheiros, embora houvesse outros nomes para designar o banheiro
na história romana. A palavra balneum derivada do grego balaneion,
deu origem as palavras balneário e banho. Enquanto os ricos tomavam banho em
banheiras, sendo lavados pelos seus escravos (algo comum entre outros povos),
os pobres quando tomavam banho, usavam baldes para isso, pois banhar-se nas
fontes públicas era proibido.
E outro detalhe a mencionar é que nas insulas não havia abastecimento de água,
e quando havia, era restrito apenas ao térreo, obrigando as pessoas desceram
para ir buscar água no térreo ou ter que ir até uma fonte pública para pegar
água. Já na casa dos ricos poderia ter um poço, mas em geral tinham um
reservatório (impluvium) que coletava água da chuva, além de possuir em
alguns casos, abastecimento de água e esgoto, pois dependia da localidade da
casa.
Além do hábito de ter banheiros em casa, e de tomar
banho com frequência, o governo romano preocupado com a limpeza da cidade
começou a criar banheiros públicos não para tomar banho, mas
para poder urinar e defecar. Foi no período republicano (509-27 a.C) que
surgiram os banheiros públicos ou latrinae. A latrina
pública era um local onde se encontrava uma bancada de pedra com vários
buracos, onde as pessoas usavam para urinar ou defecar. Sob essas bancadas
corria água que levava os dejetos para o sistema de esgoto.
Os banheiros já eram separados naquela época,
havendo banheiros para os homens e banheiros para as mulheres. Contudo, não existia
privacidade como se pode ver bem na imagem acima. Os homens e as mulheres
faziam suas necessidades na frente de outras pessoas e até aproveitavam para
ficar conversando. Nestes banheiros havia escravos ou escravas para cuidar da
limpeza (embora fossem locais fedorentos e sujos), como também o escravo
fornecia aos usuários uma esponja (era uma esponja marinha) em um cabo, a qual
era usada para se limpar após ter defecado. O problema é que essa esponja não
era descartável; após o seu uso, o escravo a limpava em uma bacia ou pia, e
entregava para o próximo usuário. Quando a esponja estivesse desgastada ela era
descartada.
Em alguns bairros pobres onde não havia banheiros
públicos, as pessoas ou urinavam e defecavam no mato, ou em terrenos baldios,
becos, ou faziam em baldes e jogavam os dejetos na rua, pois as casas não
tinham esgoto. Embora os banheiros públicos não fossem tão limpos, foram uma
grande inovação para se manter a cidade limpa, pelo menos neste quesito. Nas
insula, em geral só havia banheiros no térreo, sendo um banheiro coletivo para
todo o prédio, pois nos apartamentos não havia banheiros.
Mas foi apenas na época imperial que os banhos
públicos começaram a ser construídos, antes disso, os romanos tomavam banho em
casa, ou nos rios e lagos, em alguns casos, o banho era simples. Embora os
banhos públicos tenham atraído um número grande de pessoas para seus recintos,
isso não significa que as pessoas deixaram de tomar banho em casa, contudo,
tornou o banho algo regular e até diário, pois entre alguns não havia o hábito
de banhar-se diariamente.
http://seguindopassoshistoria.blogspot.pt/2014/01/os-banhos-publicos-na-roma-antiga.html
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