quinta-feira, 9 de junho de 2022

A vida dos povos indígenas brasileiros

 Como era a vida dos povos indígenas brasileiros?

Cada povo indígena tinha seus próprios costumes e modos de vida quando os portugueses chegaram ao Brasil. Nesta reportagem, vamos mostrar como viviam os tupinambás, que habitavam toda a costa na época do Descobrimento. Era um povo que tinha como língua predominante o tupi-guarani – ao contrário do que muita gente pensa, é uma língua, e não um povo. Suas guerras eram uma atividade mais defensiva, e não uma maneira de conquistar territórios, como hoje.


TUPI OR NOT TUPI

Como era o cotidiano dos tupinambás, da comida aos animais domésticos

MESTRES DOS MARES

Além de lagos e rios, os tupinambás ficavam concentrados na área litorânea, o que facilitava o contato com o mar. Usavam longas canoas, não só para atividades de pesca, mas também para se aproximar das caravelas portuguesas na troca de mercadorias

LAVANDO A ALMA

Os tupis da costa se banhavam praticamente com a mesma frequência com que encaramos o chuveiro hoje – aliás, nossa higiene atual é herança indígena, não europeia. O contato com a água acontecia desde cedo – os rios eram locais de brincadeiras para as crianças. Até os prisioneiros que iam virar grelhado passavam por um banho cerimonial antes da execução

MODA INDÍGENA

As pinturas eram pretas (feitas com jenipapo) ou vermelhas (com urucum). Penas de aves eram usadas em cocares e em adornos que se pareciam com um rabo (característico dos tupinambás). As pinturas e os adornos tinham um significado especial na guerra e nos rituais de antropofagia – no dia-a-dia, os índios andavam pelados mesmo

COMES E BEBES

O “arroz com feijão” dos tupinambás era milho, carne de caça, pesca, frutas e tubérculos. As índias preparavam uma bebida especial fermentada à base de mandioca ou milho, chamada de cauim. A bebida era parte integrante das cerimônias (especialmente antropofágicas), em que os índios “enchiam a cara”! A embriaguez era considerada uma mostra de virilidade entre os homens

 

 

PET SHOP

Os tupinambás também tinham animais domésticos, chamados de xerimbabos (“minha coisa querida”, em tupi). Os animais serviam para embelezar, como as araras, os tucanos e até os periquitos, ou para mostrar respeito à natureza – filhotes de macacos, por exemplo, eram adotados pela aldeia caso sua família tivesse sido morta por caçadores

DOUTOR PAJÉ

A saúde dos tupinambás era apoiada em rituais de cura, manipulação de plantas medicinais e tratamento dos doentes. O pajé fazia as cerimônias auxiliado por índias idosas. O conhecimento de plantas medicinais era de domínio de ambos os sexos. Já o trato com os doentes (que geralmente ficavam isolados) era feito pelas mulheres

SAUDOSA MALOCA

A aldeia era rodeada por paliçadas, espécies de cercas de lanças, e cercas com crânios. Eles serviam como enfeites, para honrar os que viraram jantar. Uma aldeia tinha de quatro a oito malocas, que abrigavam pelo menos três núcleos familiares. Os pertences dos indivíduos eram mantidos na maloca dentro da área ocupada por sua família

CAÇA E GUERRA

As armas de guerra dos tupinambás incluíam a borduna, tacape que funcionava como um martelo. Os arcos e flechas eram “customizados”, trocando-se o desenho das pontas, a posição e o estilo das penas da flecha, além do tamanho e do formato dos arcos. Por exemplo, para caçar animais de pequeno porte (como aves terrestres), usava-se um arco de longa envergadura e uma flecha de material leve com penas longas na parte de trás (isso ajudava a sustentar mais tempo de voo)

TRABALHO DIVIDIDO

A divisão de tarefas dependia do sexo e da idade. As mulheres preparavam alimentos, faziam artefatos e outras atividades internas, enquanto os homens cuidavam da parte externa. Algumas das funções masculinas eram guerrear, caçar e fazer um social com outras aldeias. A sociedade era comandada pelos mais velhos, de quem partiam as decisões em relação ao grupo

CONSULTORIA – Dominique Tilkin Gallois e Renato Sztutman, professores do departamento de antropologia da FFLCH – USP.

https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-era-a-vida-dos-povos-indigenas-brasileiros/

Curiosidades da Antiga Roma

 Curiosidades da Antiga Roma

 Abaixo estão algumas curiosidades sobre a vida cotidiana da Antiguidade Romana que descobri lendo o livro de um escritor paleontólogo italiano. Tantas delas foram herdadas pelos povos conquistados pelos romanos e existem até hoje.

 

1. Embelezamento: os romanos eram vaidosos e primavam pela boa aparência. Os homens criaram o hábito de se barbearem (com lâminas de ferro e a seco), uma obrigação sobretudo se eram soldados. Mas não faziam sozinhos; se eram ricos, possuíam um tonsor (barbeiro) particular que fazia o serviço em casa. Os menos favorecidos iam em barbearias públicas - algumas até a céu aberto - espalhadas pela cidade. As mulheres se embelezavam em casa com ajuda de uma serva, se eram ricas. Herdaram das egípcias as técnicas da maquilhagem (usavam até fuligem para pintar os olhos) e dos banhos aromáticos. O penteado variava segundo a moda ditada pelas esposas dos imperadores e chegavam até ser muito elaborados, como o das tranças que formavam um cone no alto da cabeça. Elas também tingiam os cabelos com hena, faziam apliques com cabelos importados da Índia e até depilação. 

 

2. Vestuário: a toga, usada sobre a túnica, servia para distinguir a classe social de quem a vestia através da cor, do volume e da forma e só podiam ser usadas por quem tinha a cidadania romana. Os escravos, plebeus pobres e soldados usavam só a túnica. As mulheres usavam, além da túnica e da toga, uma faixa sobre os seios (mammilia) e uma espécie de cueca (subligaculum) como roupa interior e um manto que cobria a cabeça quando saiam de casa. As crianças usavam a toga praetexta com uma faixa púrpura e quando cresciam, mudavam para a toga uirilis (os meninos) e a stola (as meninas que se casavam). As romanas também usavam um tipo de biquíni para praticar desporto ou relaxarem nas termas.

 

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Toga e pallio, o manto comprido que cobre a cabeça. As mulheres o usavam quando saiam de casa e os homens quando viajavam

 

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Toga romana masculina

 

Tunica romana, usada abaixo da toga ou sem nada por cima (no caso de plebeus pobres, escravos ou soldados)

 

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Os primeiros biquínis foram invenção dos romanos e não dos franceses. As mulheres retratadas aqui faziam ginástica usando esse traje de duas peças, mas também podiam ser usados para os banhos termais (mosaico de um antigo palacete romano de Piazza Armerina, província de Enna, Sicília)

 

3. Hábitos higiénicos: a higiene não era muito o forte naquela época, pelo menos do nosso ponto de vista. As mulheres estavam mais acostumadas ao banho em casa, enquanto que os homens preferiam as termas públicas. Os mais pobres tinham que se virar e tomavam banho como podiam. Para escovar os dentes, usavam uma mistura de bicarbonato de sódio, ervas aromáticas e até pó de pedra-pomes. Papel higiénico nem pensar! Cada um tinha uma esponja que era humedecida na água que corria em um pequeno canal localizado aos pés de cada vaso sanitário.

 

4. Lavandaria: os romanos lavavam as roupas de uma forma um tanto nojenta. Todo dia de manhã, o servo recolhia a urina de toda a família de seus patrões e a mandavam para a lavanderia, que seria usada para a limpeza das roupas. O cheiro forte era eliminado com água e essências naturais.

 

5. A casa romana: os patrícios e a plebe mais rica moravam nas domus, a residência urbana da Antiguidade. Essas habitações possuíam um grande atrium (átrio) cercado por colunas e ornado de jardins, pequenas hortas e de um impluvium, uma pequena cisterna pluvial, além de ser a principal fonte de luz solar da casa. O triclinium era o cômodo destinado aos jantares e banquetes, o tablinium era onde o patrono tratava de negócios e as cubicula (que eram mesmo cubículos) o local de repouso noturno, escuro e sem muita decoração ou mobílias. Também havia cozinha e banheiro. Apesar de todo o luxo e ricas decorações dessas domus, as janelas eram escassas e sempre pequenas, quase inexistentes (por motivos de segurança e privacidade). Os mais pobres moravam nas insulae, prédios "condominiais" com vários andares que depois  passou a ser também residência dos mais abastados quando começou a crescer o índice demográfico de Roma (era uma das cidades mais populosas da Antiguidade). Nesse caso, os andares de baixo eram os mais caros e os mais altos os mais baratos, ao contrário de hoje; quem morava mais embaixo podia fugir com mais facilidade em caso de incêndio (que eram muito comuns naquela época). 

 

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Toilettes públicas da Antiguidade Romana. Como se pode ver, não havia privacidade e os homens faziam suas necessidades conversando com outros homens tranquilamente e sem pudor. Aos pés de cada sanitário havia um canal por onde corria a água que servia para umedecer a esponja e se limpar depois do "social"

 

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6. Escola: até os 7 anos, a criança era educada pelo próprio pai, que lhe ensinava moral, noções rudimentares de escrita e história dos personagens ilustres. Depois dos sete anos, a criança (de família rica) passava a ser educada por um tutor, geralmente um escravo grego (a civilização grega era muito mais progredida culturalmente que a romana) liberto, que lhe dava noções de aritmética, escrita e leitura. Os menos favorecidos e até alguns ricos mandavam seus filhos às escolas públicas (e a céu aberto), onde também aprendiam a ler, a escrever e a fazer contas. Um fato interessante é que a leitura naquela época era em voz alta; somente na Idade Média, com os monges copistas, aprendemos a ler mentalmente.

 

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Auto-relevo de uma cena escolar

 

7. Vida social: as ruas de Roma eram muito movimentadas durante o dia. Era um vai e vem de pessoas de todas as classes sociais que se misturavam ao caos do comércio, quase uma Vinte e Cinco de Março (rua do centro de São Paulo famosa por seu grande comércio) em época de Natal. À noite não era aconselhado sair de casa pelo risco de assaltos e assassinatos, devido ao policiamento praticamente inexistente. O ponto de encontro dos romanos eram as termas, divididas entre masculinas e femininas, locais de relax, prática de desportos e vida social. Em alternativa, havia os bares, frequentados exclusivamente por homens, que também serviam de restaurante e "outros fins". Um lugar bem insólito para a socialização dos homens romanos era nos banheiros públicos; sentados em um banco conjunto sem divisórias, discutiam sobre diversos assuntos enquanto faziam o número 2.


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Ruínas das Termas de Caracalla

 

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Um bar-restaurante da Antiguidade Romana


 

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Toilettes públicas da Antiguidade Romana. Como se pode ver, não havia privacidade e os homens faziam suas necessidades conversando com outros homens tranquilamente e sem pudor. Aos pés de cada sanitário havia um canal por onde corria a água que servia para umedecer a esponja e se limpar depois do "social"

 

8. Engenharia civil: os romanos eram hábeis engenheiros. Devemos a eles a construção de pontes, aquedutos e estradas, que foram por muito tempo uma importante via de comunicação com outras colónias do Império Romano (a mais famosa é a Via Appia, que ligava Roma a Brindisi, no sul da Itália).

 

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Antiga Via Appia que ligava Roma a região da Puglia , no sudeste da Itália

http://bloglanostraitalia.blogspot.pt/2010/11/curiosidades-da-antiga-roma.html

 

Higiene e beleza no antigo Egito

 

Egito antigo

Bastante vaidosas que eram, as mulheres egípcias dispunham de vários apetrechos para cuidarem de sua higiene e beleza. Os escrínios de toucador continham os mais belos recipientes e pequenos frascos de perfume que possam existir, em madeiras preciosas provenientes sobretudo da Núbia e do Sudão, em marfim, em vidros multicores e translúcidos e, às vezes, até transparentes.


Tanto para as mulheres quanto para os homens, os cuidados de higiene com o corpo, pelo menos entre as classes mais altas da sociedade egípcia, desempenhavam importante papel. Ao que parece, até a ducha já era conhecida: utilizava-se para tanto uma peneira ou uma cesta. É claro que o mais comum era que se tomasse banho no Nilo, mas as residências refinadas dispunham de um banheiro reservado com privada.

Higiene e Beleza no Antigo Egito


Nos palácios reais do Império Antigo a presença das salas de banho está confirmada pela existência do título da função de diretor da sala de banhos. Para se lavarem, os egípcios usavam uma bacia e um jarro provido de bico, no qual colocavam a água. Ao lavarem os dentes, desinfetavam a água com uma espécie de sal. Usavam ainda uma pasta solidificada contendo uma substância desengordurante como, por exemplo, cinza, que levantava espuma quando esfregada. (…)

Os homens utilizavam com frequência os serviços profissionais dos BARBEIRO barbeiros, pedicuros e mani-curas, enquanto que as mulheres não dispen-savam o cabeleireiro. Os barbeiros usavam uma navalha de barba que, durante o Império Novo, consistia de uma pequena peça chata de metal com formato não muito diferente de um machado em miniatura e com bordas cortantes, a qual era fixada em um cabo curvo de madeira e girava entre os dedos do profissional. (…)

Higiene e Beleza no Antigo Egito


Além das roupas e dos cosméticos, os penteados e os adereços tinham igualmente um papel marcante na aparência da mulher egípcia. A peruca, sobretudo a título de elemento componente da vestimenta dos funcionários ou do círculo da corte, tinha uma importância particular. Os dois tipos principais de penteados artificiais masculinos eram a peruca de pequenos cachos e a peruca com longas mechas de cabelo caindo do crânio até os ombros. Na XVIII dinastia a moda fez nascer uma nova forma de peruca misturando pequenos cachos e mechas lisas

Higiene e Beleza no Antigo Egito


http://www.fashionbubbles.com/historia-da-moda/higiene-e-beleza-no-antigo-egito/

Banho dos Incas

 

Os Banhos dos Incas – História da Piscina – parte VII

Imagine como os conquistadores espanhóis se sentiram quando invadiram o continente americano, fazendo contato com os povos pré-colombianos. Eles encontraram culturas ingênuas com armas primitivas e rituais religiosos sangrentos. Em contrapartida estas culturas mantinham uma agricultura de alto nível, uma sociedade altamente organizada e destacaram-se nas artes, na arquitetura, em matemática e nos conhecimentos astrológicos.

Mas o que deixava os espanhóis certamente confusos, era a higiene pessoal destes povos. Enquanto a cidade de Londres, na Inglaterra, até o ano de 1854 ainda tirava sua água de beber do poluído rio Thames, os astecas já abasteciam suas cidades com água encanada trazida das montanhas próximas, conforme relatos do Hernan Cortez em 1520. Os ´´Spaniards´´, na maioria das vezes, se recusaram a usar água para se lavar, temendo atrair doenças como a peste, enquanto os aztecas usavam flores e sabonete para limpar seus corpos e bocas. Os espanhóis faziam o mesmo com sua própria urina.

Estes povos, massacrados e subjugados pelos conquistadores sanguinários, valorizavam a higiene pessoal. O conquistador Andrés de Tapia comenta em seus diários, num tom de surpresa, que o imperador Montezuma se banhava duas vezes ao dia. Para os aztecas não havia nada de estranho nisso, pois muitos se banhavam todos os dias nos rios, lagos e tanques, como relato do historiador Jesuíta Francisco Javier Clavijero.

Os conquistadores, após subjugados e pilhado tudo e todos, onde passavam, invadiram por fim o estado-nação Inca, liderado por Pizarro e um punhado de homens, em 1532. A lenda diz que a notícia da invasão correu em um tempo recorde pelo engenhoso sistema de estradas deste magnifico império andino. Chegou aos ouvidos do poderoso imperador Atahualpa e sua corte, bem no momento que estavam cultivando os seus banhos preferidos.

Engenhosamente projetados, estes tanques apontam para outro percursor dos nossas piscinas de hoje. Construídas para recreação e descanso dos membros dos cortes das Incas, suas águas eram medicinais a atraíam pessoas do mundo inteiro até os dias de hoje. A menos de dez quilômetros em direção oeste da cidade de Cajamarca no Peru, podemos até hoje, encontrar os complexos de tanques, outrora lugar esplendoroso com jardins e lugares de descanso, conhecidos como ´´Los Banhos de los Incas´´.
Observe no desenho ao lado os detalhes da construção deste esplendoroso legado dos Incas:
02 História da piscina Edi 07

http://revistapiscinaseafins.com.br/blog/?p=339

Proteção contra a peste negra

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Iluminura com médico instruindo seu aluno a examinar a urina.
Livro V do De antidotario (f. 306r). In:
Medieval Illuminated Manuscripts.


O terceiro capítulo indica como o indivíduo deve proteger-se da peste. Em primeiro lugar, como ela é um castigo de Deus, deve-se confessar e fazer penitência, atitudes melhores e mais eficientes que as mezinhas – remédios caseiros, ungüentos feitos à base de misturas de ervas. Aqui o texto se abre para a modernidade, pois o estabelecimento da confissão por parte da Igreja foi o primeiro motor propulsor da individualidade moderna (DELUMEAU, 1991). Lado a lado com a confissão e o arrependimento dos pecados, o texto sugere que se mude de casa – daí a conhecida expressão “mudar de ares”.

Buscar ares novos, não infectados e, mais importante de tudo, evitar o coito e toda a luxúria (fol. a5, linhas 16-17). Pecado ignonimioso a Deus, fede como outras coisas que devem ser evitadas: as estrebarias, os corpos mortos e podres, as casas com águas sujas de esgoto.

Prescritivo, o texto sugere que regularmente se acendam fogos nas lareiras, com fumos de boas ervas. Estas podem ser compradas nos boticários (apotecayros; boticairos; boticayros): ervas de losna, hissopo, arruda e artemísia (artamija), combinadas com madeira de aloés nas chamas da casa (o aloés é uma planta medicinal e resinosa). O texto ainda afirma que, embora dêem resultado, esses produtos são muito caros! (fol. a5v, linhas 17-25)

Essa característica herbária da medicina medieval salta aos olhos na passagem seguinte: “pela manhã, logo após se levantar, a pessoa deve comer “[uma folha de] arruda lavada em água limpa e espargida com sal e uma ou duas nozes-moscadas bem limpas. Caso não tenha isso, [que] então coma pão ou uma sopa molhada em vinagre, e que isso seja [feito] principalmente em tempo de nevoeiro e chuvoso” (fol. a6, linhas 15-18). Como todos os tratados médicos medievais, o Regimento nos faz apreciar virtudes ignoradas ao nosso redor: plantas, animais, ervas, madeiras.

Os cuidados com a higiene são destacados em seguida. A casa deve ser regularmente lavada – uma influência da cultura médica muçulmana – especialmente no alto verão, com “vinagre rosado e folhas de vinhas. E também é muito bom amiúde lavar as mãos com água e vinagre e limpar o rosto e depois cheirar as mãos, como é bom, tanto no inverno quanto no verão, cheirar coisas azedas (fol. a6, linhas 23ss).

Observe-se que o vinagre é um tipo de desinfetante, especialmente de bactérias pseudomonas (Pseudomonas aeruginosa). O odor do azedo é bom para a saúde porque desinfeta (não há a palavra ali, mas é esse o sentido). Viajado, o autor do Regimento ainda explica que esteve em Montpellier (Monpilher) – cidade universitária medieval que possuía um dos cursos de medicina mais conceituados de então – curando enfermos de casa em casa por causa de sua pobreza (precisava ganhar algum dinheiro),

“...e então levava comigo uma esponja ou pão ensopado em vinagre, e sempre o punha nos narizes e na boca, porque as coisas azedas e tais cheiros opilam e cerram os poros, os meatos e os caminhos dos humores, e não consentem que entrem as coisas peçonhentas. E assim [eu] escapei de tal pestilência que meus companheiros não podiam crer que eu pudesse viver e escapar. Eu certamente provei todos esses remédios” (fol. a6v, linhas 6-14)


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MS. Ashmole 1462. Miscelânea de textos médicos e erbário em latim. Inglaterra, final do século XII
(fols. 15v-16r).



Mais duas páginas do Manuscrito Ashmole 1462. Na iluminura da página à esquerda (15v), uma imensa verminatia. A seguir, em um brilhante fundo azul, um homem segura uma erva e perfura uma serpente com sua espada (possivelmente indicando que o tratamento com aquela erva cura o veneno da serpente). Na página à direita (16r), um cão perverso com uma cabeça azul vai embora da figura de um homem doente (semi-despido) após o ter mordido. O homem está sendo tratado por um médico (repare que tanto nessa iluminura quanto na da imagem 1 os médicos estão de azul). No alto da cena do homem mordido há uma galinha, suspensa no ar. Ela é um augúrio: se seu apetite for bom, o homem se recuperará, caso contrário, poderá morrer. Por fim, na extrema direita da página 16r, uma bela simphoniaca. Em ambos os casos retratados pelas iluminuras dessas páginas, portanto, o livro indica uma erva específica para o tratamento.

https://www.ricardocosta.com/artigo/corpo-alma-vida-morte-na-medicina-iberica-medieval-o-regimento-proveitoso-contra-pestilencia

O banho na idade média

 Os banhos

É então que chegamos a um dos temas mais mitologizados pelo senso-comum a respeito do período medieval: os banhos! Fernand Braudel (1902-1985) e Régine Pernoud (1909-1998) já “descobriram”, há mais de trinta anos: tomava-se muito mais banho na Idade Média do que no período moderno− aliás, era-se muito mais feliz na Idade Média que na Modernidade!

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Em uma profunda tina de madeira − exatamente como um ofurô (風呂) oriental − o homem toma banho enquanto sua esposa amorosamente o esfrega (cena, aliás, típica na história da civilização pelo menos até o século XIX). In: KONIECZNY, Peter, ALVAREZ, Sandra. “Did people in the Middle Ages take baths?”, Medievalists.Net (com vasta bibliografia e citações de fontes de época − Magninius Mediolanesis [séc. XIV], Pietro da Tossignano [séc. XIV], John Russell [séc. XV]). Acrescentamos: Ramon Llull (1232-1316) em sua obra Doutrina para crianças (Doctrina pueril), dedicada ao filho, aconselha: um bom banho às vezes vale muito mais do que receitas médicas! (“Filho, sangrias, dietas, vômitos, banhos e muitas outras coisas são contra a ocasião da doença, e são mais seguras que as receitas, os letovaris, os xaropes e as outras coisas compostas da medicina simples”, cap. LXXVIII [Da Ciência da Medicina], 25).

Temos conhecimento de banhos na Idade Média, documentalmente falando, pelo menos desde o século IX: Einhard (770-840) nos conta que Carlos Magno (742-814) adorava tomar banho não só com seus filhos, mas também com nobres e amigos, e, vez ou outra, a tropa de seus seguidores ou sua escolta: algumas vezes cem ou mais pessoas se banhavam com ele! (Vida de Carlos Magno, XX).36

Assim, quando Arnau de Vilanova aconselha banhos regulares ao rei (ou sauna), com água morna e rosas, nada mais faz do que manter a longa tradição medieval de higiene corporal:

“Aprés concideracion del exercici, se seguex concideració del bany, per tal car comple lo seu deffaliment. Car, en regiment de sanitat, aquels solament se banyen als quals, per tal con no són exercitatz ho per molt menyar, moltitut de sobrefluïtatz és ajustada e∙ls brahons e entre la carn e la cotna; ho aquels als quals és mester lavament del cors per gran suor, ho per exercici, ho per altra raó. E per ço als primés és bon e covinent bany [d’estuba], a escomoura la suor; e als altres, banys d’aygua alavan. Mas negun d’aquests banys no és mester a cors atemprat ho abundant de sanc, si atempradament menga e és exercitat; car no à mester alavar a suar, ne encare alavar per rahó de la suor.”

“E si per ventura, per rahó del exercici qui escomou la suor, alcuna veguade era a hom mester de lavar, mester és que la aygua no sia trop calda, mas sia tèbea, axí con aquela la qual és calfada d’estiu per la calor del sol, e sien gitades en lo bany roses bulides d’una bulor”.

“Após considerações sobre o exercício, tratemos do banho, pois isso substitui a falta do primeiro. Nas Regras da Saúde, aqueles que somente se banham, por não se exercitarem e muito comerem, acumulam um excesso de superfluidades nos braços e entre a carne e a pele. Por sua vez, àqueles aos quais é necessário lavar o corpo por seu suor excessivo graças ao exercício, é-o por outro motivo. Aos primeiros, é bom e conveniente o banho de estufa para remover o suor; aos outros, simplesmente banhos d’água. Mas nenhum desses banhos é necessário ao corpo temperado com abundância de sangue, pois este temperamento auto estimula o corpo, e faz com que ele não necessite ter seu suor lavado, tampouco lavá-lo por causa do suor.

E, se porventura, por razão de algum exercício que libere o suor, alguma vez for necessário lavá-lo, é importante que a água não esteja muito quente, mas morna, assim como aquela que é aquecida no verão pelo calor do Sol, e que sejam postas rosas fervidas no banho” (III.1).

Além de se tomar banhos, deve-se lavar os pés (III.2.) − segundo o médico, para se conservar a audição e a memória! − e a cabeça (III.3.) − essa sim, no máximo uma vez por semana, e nunca após comer. Deve-se ainda comer moderadamente, de modo que o ventre não se inflame em demasia (IV.3.) e com uma correta mastigação (IV.5.). Em relação à bebida, Arnau desaconselha que se beba vinho mesclado com gesso (ou cal), ao que parece, um hábito da época (IV.7).  Há vários conselhos de como se deve descansar (cap. V), inclusive com uma breve prescrição sobre a vida sexual (VI.1.): não se deve ter relações sexuais após comer, mas despois de ter dormido, e com um “intervalo conveniente” entre um ato e outro, pois a ejaculação envelhece o homem e faz com que o “decaimento” chegue antes do tempo!

https://www.ricardocosta.com/artigo/o-regimen-sanitatis-1308-de-arnau-de-vilanova

Pães e legumes na idade média

 Pães, legumes, frutas, hortaliças e carnes: no âmago da boa dieta

Feitas as considerações acerca do melhor ar, dos exercícios físicos, dos banhos e até das relações sexuais, chegamos ao que parece ser o núcleo dessa fonte medieval: a boa dieta. Conforme dissemos, a alimentação tinha um importante papel na manutenção da compleição física (ou temperamento). O equilíbrio entre os humores e, portanto, entre os alimentos consumidos, era essencial. Arnau de Vilanova, nesse sentido, reflete em seu tratado os anseios pela moderação apregoados desde a Antiguidade Clássica com os quais se rompeu, abruptamente, quando das invasões bárbaras do início do Medievo. A gulodice, muito comum entre os reis medievais, era um comportamento tipicamente pagão com o qual se preocupava a Igreja. E também os médicos.

As recomendações de Vilanova sobre a dieta são bem simples: nos onze capítulos em que é tratada, a abordagem se resume a indicar os alimentos mais adequados para se alcançar o temperamento do corpo, além de alguns comentários sobre suas propriedades e a melhor maneira de consumi-los.

O primeiro grupo alimentar a ser apresentado é o dos que nutrem o organismo (VIII). Chamá-los-íamos, hoje, de carboidratos. Deixaremos a análise desse capítulo, contudo, para outra oportunidade. O tratamento do segundo, o dos legumes (IX), é iniciado por uma frase algo controversa:

“Legums no són covinentz a corses atempratz dementre los corses són sans”.
“Legumes não são convenientes a corpos temperados enquanto são sadios”.

Parece-nos, sem dúvida, uma curiosa recomendação. Entretanto, somos logo providos pelos esclarecimentos de Miquel Batllori (1909-2003), que atenta para o fato de que as leguminosas eram prejudiciais à compleição de Jaime II, com exceção dos feijões e dos grãos-de-bico (IX.1, IX.2 e IX.3). Passamos, em seguida, ao mais extenso capítulo das Regras, o décimo, que aborda as frutas e a melhor forma de ingeri-las.

Em uma exaustiva demonstração de conhecimento sobre elas, Arnau elenca 45 tópicos para descrever os benefícios (e danos) das frutas, além dos elementos mais caros à saúde presentes nas comumente consumidas pelo rei. Pêssegos, damascos, melões, melancias, pinhões, avelãs, uvas, peras, castanhas, tâmaras. Cozidas, secas, frescas, confeitadas. Elas também deveriam ser consumidas de acordo com a estação:

  “Per tal, donques, con en l’estiu la sanc per calor del àer és enflamada, e en estiu e en autumpne per la sequetat del àer, qui és aguda, convén-se en los ditz temps usar fruytes fredes e humides a atemprar la sanch.”
  “Aytambén, per ço cor per la calor del estiu los membres del cors són rarificatz e esclareïtz, e pus tost la calor natural e∙ls espiritz ixen dels membres, lavors covén usar fruytes atempradament estrenyén los pors de la carn, axí con són fruytes ∙I∙ poc àrrees. Aytanbén, en los ditz temps, és bon usar fruytes agres, a trencar la agudea de les còleres.”
  “Sequetat, encara, del temps, la qual moltes veguades constipa e restreny lo ventre, requer que sovín en estiu e en autumpne ús hom les dites fruytes.”

“Por isso, como no verão o sangue se inflama graças ao calor do ar, e no verão e no outono são muito secos, convém que sejam consumidas frutas frias e úmidas para temperar o sangue.”

“Do mesmo modo, como no calor do verão os membros dos corpos emagrecem e empalidecem, e o calor natural e os espíritos mais rapidamente saem deles, convém consumir frutas moderadamente para que os poros da carne sejam obstruídos, como frutas um pouco constringentes. Também nesses períodos é bom consumir frutas ácidas para quebrar a agudez das cóleras.”

“A secura do tempo, que muitas vezes constipa e restringe o ventre, requer que, constantemente, no verão e no outono, tais frutas sejam consumidas” (X.2).

Ameixas não devem ser comidas com cerejas (X.7), nem figos com uvas (X.8). Pêssegos devem ser consumidos por aqueles que têm o fígado quente e seco (ou seja, por coléricos), figos são bons para homens jovens por sua acidez (X.15), pepinos e melões são bons antes do jantar (para atenuar o ardor do sangue) (X.19), frutas adstringentes nunca devem ser ingeridas cruas (X.27), peras são mais aconselháveis no verão e no outono (por seu sumo) (X.31) e castanhas e tâmaras, por serem doces, não serem sumosas e terem alguma adstringência, são melhores no inverno e na primavera (X.32).

Essa imensidão frutífera era parte fundamental da farta, porém saudável, dieta do soberano de Aragão. Um aspecto interessante das recomendações de Vilanova era a preocupação se determinados alimentos e sobretudo frutas, causavam ou não prisão de ventre. É possível que isso se deva às diagnosticadas hemorroidas do rei, visto que um intestino solto é não só prejudicial, mas extremamente doloroso para quem sofre de tal doença!

A obra trata ainda das hortaliças, raízes (cebola, couve, rabanete, cenoura e chirívia), carnes, derivados do leite, peixes (liguados, esturjões, baleias, atuns), condimentos (mostarda, rúcula, mel, açúcar, pólvora [!], salsa, sarmento), regras para se beber e, por fim, conselhos para mitigar as hemorroidas.

Por isso, desculpamo-nos com nossos leitores e ouvintes, já que a exiguidade do tempo dessa palestra, a extensão do tema e a riqueza temática da obra não permitem que façamos uma abordagem mais aprofundada de toda a fonte. Queremos destacar, contudo, a riqueza gastronômica das mesas medievais. Um tratado como o de Arnau de Vilanova evidencia que, ao contrário do que apregoam muitos que desconhecem esse período, comia-se muito bem na Idade Média.

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III de Foix-Bearne, Phoebus (1331-1391). Paris, BNF, ms. francês 616, folio 67.A abundância da mesa na Idade Média. Livre de la chasse (Livro da caça), início do séc. XV, de Gastão

As pesquisas mais recentes revelam que esse panorama, devidamente nuançado, é claro, podia ser observado da base ao topo da sociedade. Os camponeses, muito próximos daquilo que produziam nos campos, tinham nos pães, nas frutas, hortaliças e peixes o âmago de sua dieta. As cortes reais da Europa ocidental, à medida que avançavam em seu processo civilizador, substituíram, paulatinamente, as gordas carnes de caça a que estavam habituadas por esses alimentos mais leves. A “desbarbarização” desses entourages nobiliárquicos, portanto, foi também manifesta em seus hábitos alimentares: a diversificação dos alimentos e o refinamento dos pratos consumidos aparecem na documentação como fatos incontestáveis. Uma sociedade que, definitivamente, alimentava-se melhor que nos séculos passados, embora a busca pelo requinte já anunciasse na própria gastronomia sinais de uma clivagem social entre a nobreza e as camadas mais modestas.

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